quarta-feira, 15 de abril de 2009

domingo, 5 de abril de 2009

Olho brasileiro 5



Trabalho em Bali

Bali eh um dos destinos de ferias mais procurados no mundo. Mas a gente estava lah para trabalhar tambem. Por isso, fomos ateh os locais onde nosso amigo Noko dah aulas. No primeiro, muita conversa e ritmo. No segundo, muita capoeira e samba-de-roda. A gente tentou deixar aquelas praias um pouco mais brasileiras.





Bali: terra de mandinga forte

Se alguem acha que Salvador eh uma cidade cheia de locais sagrados e magia eh porque ainda nao foi a Bali. Aqui, todas as esquinas tem um lugarzinho sagrado. Toda encruzilhada recebe comida. Todas as lojas deixam oferendas na porta. E o que nao falta eh templo. Ao mesmo tempo, a ilha eh um paraiso do consumo. Marcas locais, grifes famosas, lojas de surf, restaurantes. Tudo convivendo com a tradicao local, logico que afetada pelo turismo (europeus e americanos invadindo a ilha) e pelos surfistas. Praias lindas, templos, campos de arroz, a floresta sagrada dos macacos. Muitos gringos e malucos do mundo todo. E aqui tambem eh possivel encontrar nosso amigo Noko, um grande capoeirista local, que pediu para a gente dar uma forcinha aqui.

Adeus, adeus

Para terminar nossa visita a Surabaya, o Caca deu uma aula de capoeira que arrancou aplausos de todos no shopping center (no dia seguinte ao batizado). Foi dificil a despedida naquele dia. A noite, fizemos um jantar para a viagem de volta do pessoal do Timor Leste. Eles agora sao parte da nossa familia e nos despedimos com um "ateh breve", em portugues mesmo. Na segunda, uma reuniao final com o pessoal de Surabaya. Conversamos muito sobre capoeira e cultura brasileira. Todos agora tem uma meta: conhecer o Brasil. A parte de Surabaya terminou por enquanto. Mas fomos convidados pelo Noko (Tarzan), nosso grande amigo, a dar um pulo (ou uns pulos) em Bali. Depois, o Mestre Ousado pediu tambem para irmos a Jakarta. O BRASIL VISITA continua, agora em outras cidades da Indonesia. Terimah kasi, Surabaya.

Ouvindo o berimbau pela primeira vez

Antes de deixarmos Surabaya, resolvemos fazer algo inedito. Fomos ateh uma vila, um bairro bem simples. Paramos em uma esquina, em frente a uma vendinha, onde seis gatos pingados estavam parados. Soh a nossa presenca ali jah chamava atencao. Aquelas pessoas nunca tinham visto um ocidental pessoalmente.
Aih, comecamos a tocar os berimbaus e o pandeiro. Foi inacreditavel. Aqueles seis gatos pingados se transformaram em mais de 100 pessoas. A esquininha ficou parecendo uma praca, o transito parou. As pessoas comecaram a interagir, bater palmas, responder ao coro. Algumas senhoras mais ousadas chegaram a ensaiar uns passinhos de samba. Hoje em dia, isso eh coisa muito rara. Conseguir encontrar um grupo grande de pessoas que, mesmo vivendo em uma grande cidade, nunca sequer ouviu um berimbau. E, depois de nossa passagem por Surabaya, isso vai ficar mais raro ainda.

sábado, 4 de abril de 2009

Eu sou angoleiro

Na manha do evento, os indoneses tiveram mais uma aula de capoeira angola. Professor Marcelo pegou uma turma grande e, com a ajuda do Caca e do Cabeleira, deu uma grande aula. Muita movimentacao, muito ritmo e, principalmente, muita conversa sobre fundamentos e tradicao. Mestre Ousado tambem estava presente, observando e ajudando no pandeiro. Ao final, o Marcelo decidiu terminar a aula com uma roda. E foi uma bela roda, com muita energia, onde todos participaram.

Capoeira, maculele e samba no shopping center (mall)

Depois de muitas aulas durante a semana, tivemos um grande evento no principal shopping center de Surabaya. 'E mais ou menos como se tivessemos feito uma festa de capoeira no Shopping Iguatemi de Sao Paulo. Aqui, eles nao tem preconceito em relacao aa capoeira, soh curiosidade. Por isso, em um ambiente frequentado pela elite de Surabaya, pudemos mostrar um pouquinho da nossa cultura. Pessoas de outras cidades da Indonesia e muitos capoeiristas da cidade compareceram (inclusive capoeiristas de rua, uma vez que - obvio- nao cobramos de ninguem pela participacao). O Caca passou uma aula para mais de 50 criancas que quase parou o shopping e fez muito adulto brincar. Depois comecou o batizado: a primeira graduacao dos pequenos e troca de cordas. Um descanso e apresentacao de uma especie de peca baseada na vida de Zumbi de Palmares e uma demonstracao de maculele. A tarde rolou muita capoeira (roda e mais trocas de graduacoes, agora dos adultos). Entre os convidados, estava o Mestre Ousado, brasileiro que dah aula em Cingapura e um dos pioneiros aqui na Asia.Ao final, as indonesas colocaram suas saias rodadas (algumas colocaram sarongs mesmo) e fizemos um bonito samba-de-roda, bem tradicional e alegre. Um dia normal de boa capoeira, soh que aqui do outro lado do mundo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Um mosqueteiro a menos


Os tres mosqueteiros eram, na verdade, quatro. E nos tambem. Comecamos a viagem como quatro pessoas e achamos que era assim que terminariamos. Mas o Sorriso (Andre) teve que nos deixar. Problemas familiares e inadiaveis o fizeram voltar ao Brasil antes da hora. Aqui, eles fez o que devia: ajudou a mostrar aos indoneses nossa cultura e cativou muita gente desse lado do mundo. Boa sorte, irmao. Estamos juntos.


quinta-feira, 2 de abril de 2009

Silat: o pau quebra na Indonesia

Muitos acham que a capoeira eh uma das unicas lutas do mundo com musica (alem da Ladja, lah na nossa America Central). Viemos achar outra aqui. O silat, que eh impressionante.
Dificil descrever a luta. Eh claramente oriental, parente de um Kung Fu. Em alguns momentos, usa chutes, saltos e socos. Em outros, torcoes e quedas. Tambem usa facas e bastoes.
Tres tambores (como nossos tres berimbaus) acompanham os lutadores, mas ao contrario da capoeira, nao sao os tambores que impoem o ritmo aos lutadores. Eh o ritmo deles que os tambores tem que acompanhar.
Vimos uma demonstracao em uma escola bem simples em um bairro pobre. Eram apenas criancas. Mas lutavam como gente grande. Uma menininha em especial (ficamos sabendo bem depois que era uma campea nacional) fez com que a gente nao tirasse os olhos da luta. Movimentos precisos, perigosos, duros- mas de extrema beleza. O professor estava tenso e feliz ao mesmo tempo, por apresentar sua luta aos estrangeiros brasileiros. Os brasileiros ficaram perplexos ao verem aquela demonstracao de disciplina e amor aaquilo que eles fazem. E os lutadores ficaram de boca aberta ao verem quatro estrangeiros pela primeira vez.
Pediram para que tocassemos um pouco os tambores. E lah fomos nos. Um pouquinho de congo, ijexa, batidas de samba e para acompanhar a capoeira. Aih, veio outro pedido: que mostrassemos um pouquinho da capoeira. Estavamos de bermudas, cansados e nao estavamos esperando por aquilo. Mas fomos recebidos com tanto carinho que nao pudemos negar. Expressoes de admiracao, palmas e a palavra Brasil sendo dita a todo momento. O professor nos disse que aqui na Indonesia o Silat nao eh assim tao valorizado e que gostaria de fazer exibicoes fora da Asia. Quem sabe um dia nos nao vemos o Silat na nossa terra.
OBS: AS FOTOS REFERENTES A ESTA POSTAGEM FORAM PERDIDAS, O QUE NOS DEIXOU MUITO CHATEADOS. PROBLEMAS TECNOLOGICOS.

Universidades: convidados de honra

Guest lecturer. Nome bonito, falando assim ateh parece que somos importantes. Pelo jeito, aqui somos: foi assim que fomos recebidos em duas universidades. Na primeira, uma sala com mais de 60 alunos, vimos muitas pessoas vestidas como muculmanos tradicionais. Uma faculdade antiga, especie de PUC (visualmente falando). Era na Faculadde de Politica e Ciencias Sociais. Sim, os estudantes de ciencias sociais sao os mesmos por aqui: aquele olhar critico, aquela saudades de Che, aquela curiosidade por culturas "exoticas". Logo no comeco, depois de 10 minutos de introducao, tocamos um pouco de berimbaus e pandeiros e fizemos que eles nos acompanhassem, paar acordarem. Aih, o Cabeleira falou por quase duas horas e eles se mantiveram muito atentos. Perguntas aconteceram ao final, naturalmente. O reitor, o professor, duas professoras de outras aulas, todos estavam lah. Recebemos presentes e diplomas. Na segunda universidade, um outro mundo: faculdade moderna, rica mesmo. Tudo novo, equipamentos de primeira. Juntaram duas salas para a nossa palestra, alguns professores e mais uns 40 alunos. Aqui, a coisa foi diferente. Alguns alunos nao estavam tao atentos, mas os que estavam nao tiravam os olhos e anotavam bastante (depois ficamos sabendo que aquela turma era uma turma especial, considerada de geniozinhos). Nesse dia, jornalistas acompanharam nossa visita e, depois, fomos convidados para um almoco em um restaurante sensacional. Vale registrar a presenca de um professor em especial. Coroa, cabelos compridos e brancos e uma boina estilo Che Guevara. O homem tinha morado nos Estados Unidos, dado aulas na UCLA e NYU. Figuraca, antropologo. Perguntou sobre Chico Mendes e Paulo Freire. Numa boa, esse professor esquerdista seria sucesso na USP.

Cerimonia emocionante


Depois da aula do Marcelo (na verdade, no intervalo para o almoco), vivemos mais um momento de grande emocao aqui na Indonesia. O espaco onde acontecem as aulas de capoeira do Zungu precisava ser inaugurado oficialmente de acordo com as tradicoes indonesas. E eles fizeram isso especialmente para a gente. Um sacerdote indones trouxe comidas abencoadas e cheias de significados. Alem disso, um pote de barro cheio de carvao e incenso estava defumando o ambiente. O homem, vestindo um tradicional batik (indones) e com seu kopyah/songkok (muculmano) pediu que todos se sentassem em roda e se juntou a nos. Comecou a rezar e todos respondiam. Foi incrivel, porque nao entendiamos as palavras mas podiamos compreender tudo. O nomedo Brasil e da Escola Cultural Zungu Capoeira foi repetido algumas vezes e o nome do Professor Caca mais ainda. Eh muito dificil descrever a emocao daqueles minutos. Ateh um dos alunos, que se diz ateu, estava rezando fortemente por nos. Ao final, nos traduziram o que ja sabiamos: o homem estava abencoando aquele espaco, pedindo protecao e sucesso. E tambem orando fortemente pelo Professor Caca e por sua jornada na capoeira e na vida. O arroz de um dos pratos formava uma piramide e o primeiro pedaco (o topo da piramide) foi oferecido ao Caca, com um simbolismo facil de compreender: que a casa estava sendo entregue a ele. Depois, os outros tres brasileiros (Cabeleira, Sorriso e Marcelo) foram servidos. Viajar ao outro lado do mundo para mostrar a capoeira e a nossa cultura jah eh um privilegio, conquistado com muito trabalho. Soh nos sabemos as dificuldades que encontramos pelo caminho e por aqui tambem. Ter uma cerimonia religiosa feita para abencoar apenas uma pessoa e o nosso trabalho foi mais um motivo para agradecer (nesse caso, rezando).